quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

ambiOlhão – sociedade secreta

Numa altura em que tanto se vem falando em sociedades secretas, tema despoletado pela acusação de a secreta Maçonaria imiscuir-se nas polícias secretas já não é novo na administração local, as empresas municipais de Olhão numa de andar à frente na moda já antes adoptaram o secretismo como modelo de organização.



Vem a propósito de a Ambiolhão, empresa da Câmara com as responsabilidades no saneamento, limpeza e abastecimento de água ao concelho ter recusado fornecer as Actas das suas Assembleias Gerais no ano de 2010 para poderem ser consultadas, intimada judicialmente a satisfazer o pedido justificou a recusa em manter o segredo com os argumentos mais calinos, estúpidos e broncos que se podem imaginar, tudo subscrito pelo mesmo avençado que trabalha para o mesmo patrão, o Sr. Presidente da Câmara.

Convém esclarecer que esta empresa viu aprovada a sua criação na Assembleia Municipal de 23 de Outubro de 2010, teve portanto neste ano oito dias de vida e pelo meio ainda assistiu num fim-de-semana ao nascimento do Menino Jesus.


Pois pelo menos ficámos a saber que “as actas encontram-se todas em arquivo”, noutro sítio não seria de esperar, “não estando disponível o suporte informático”, antes de existir esta tecnologia já se consultavam actas, “as instalações são exíguas e constantemente frequentadas por público, afigurando-se do maior transtorno a satisfação do pedido, não só pela falta de pessoal” , a Ambiolhão paga mensalmente de renda mais de 2.000€ e não tem espaço para dispor uma mesa 1x1m2, e uma cadeira e tem falta de pessoal para ler os documentos aos requerentes por estes se calhar não saberem ler, “mas também porque o requerente não especificou, concretamente, quais as actas pretendidas”, porque foram tanta as actas lavradas nos últimos 6 dias de 2010 que a Ambiolhão não consegue encontrar as duas que tem a data do ano de 2010.


É mesmo uma sociedade secreta esta Ambiolhão, no que esconde da sua vida interna ao escrutínio público, quando se trata de uma empresa pública municipal que é financeiramente alimentada por saque pelos munícipes, também não é de estranhar o seu chefe pontifica na Câmara.


para ver a sentença, aqui

6 comentários:

  1. São estes argumentos escritos que certamente deverão dar momentos momentos de boa disposição aos funcionários do Tribunal!

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  2. Aliás agora que li a sentença e pelo que percebi afinal o tribunal foi enganado com essa de "todas as atas de 2010". Não percebeu que não seriam muitas porque a empresa teve apenas meia dúzia de dias de vida em 2010...

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    1. Os tribunais também são feitos por pessoas ou ainda melhor são as pessoas que fazem os tribunais.
      E estas pessoas fazem o que querem, dentro de certos limites é certo, e o que querem muitas vezes é o que lhes dá mais jeito, o jeito é inato ou adquire-se, sobretudo por interesse e aqui interessava sobre-sobretudo não afrontar poderes instituídos.
      Instituições estáveis não podem estar à mercê de qualquer curiosidade em saber o que se passa no interior dessas instituições, Só a simples curiosidade já desestabiliza quanto mais o objecto desejado – o conhecer – tão bem guardado em esconsos conciliábulos mesmo que a lei garanta que não.
      Pois é APB, é assim mesmo até que ….

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  3. Nasceu um novo blogue em Faro. Vai dar que falar.

    faroactivo.blogspot.com

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  4. Também li a sentença. Fiquei a saber que, por exemplo, se alguém quiser consultar TODAS actas de 2010 isso não é possível pois dará uma carga de trabalho. Ou seja, teoricamente qualquer um pode consultar as ditas actas (sejam muitas ou poucas) mas DE FACTO isso não é possível pois consultar as ditas dá muito trabalho à identidade que possivelmente alguém poderá, muito justamente, querer fiscalizar. É a velha história - as leis têm sempre uma alínea que a torne, na prática, inexistente. Genial! E pensar que há quem diga que os portugueses são parvos! Melhor que isto só de encomenda.

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    1. Portugueses parvos há e não são poucos, os que aguentam os chicos espertos que ...

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